Sereia
Óleo sobre tela, 202540 x 50 cm
Em Sereia, criatura recorrente em suas obras, o artista brasileiro Leo DuLac revisita o mito com olhar introspectivo. A pintura em óleo sobre tela retrata uma figura mítica de costas ao mar, onde corpo e natureza se fundem em um gesto expressivo e emocional. Entre o azul das águas e o verde da cauda, a obra reflete a solidão do encanto — uma beleza que se volta para dentro.
Reproduções disponíveis na Colab55
No encontro entre o desejo e o abismo, Sereia emerge — não como símbolo do mito clássico, mas como figura arquetípica reinterpretada sob a ótica da arte contemporânea brasileira. O olhar do espectador é convidado a se colocar às costas dessa personagem, testemunhando o instante em que o mar e o corpo se confundem em textura e movimento.
O azul predominante, em suas múltiplas variações, carrega a dualidade entre calmaria e tormenta; já o verde vibrante da cauda rompe o equilíbrio, injetando na composição um sopro vital que contrapõe a densidade mineral da rocha. O gesto pictórico é livre, impulsivo, quase expressionista, com pinceladas espessas que traduzem mais sensação do que forma — característica marcante da pintura de DuLac.
A escolha de representar a sereia de costas — vulnerável, entregue ao contato da pedra — desloca o mito da sedução para o campo da solidão e da introspecção. É como se a criatura, cansada de encantar, retornasse ao próprio silêncio.
Nesta obra em óleo sobre tela, Leo DuLac reafirma o diálogo entre o corpo e o elemento natural, entre o humano e o mítico, dissolvendo fronteiras entre fantasia e existência. Sereia torna-se um símbolo do inconsciente e do desejo, um espelho líquido da alma onde o espectador talvez reconheça algo de si — suspenso entre terra e mar, entre sonho e memória.
